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Sobre Nous les Arbres

Ao reunir uma comunidade de artistas, botânicos e filósofos, a Fondation Cartier pour l’art contemporain destaca as mais recentes pesquisas científicas que trouxeram um novo olhar sobre o universo das árvores.

A exposição Nous les Arbres é organizada em torno de um conjunto significativo de obras e apresenta a voz daqueles que criaram, através de sua trajetória estética ou científica, um forte e íntimo vínculo com as árvores. A exposição coloca em cena a beleza e a riqueza biológica destas notáveis protagonistas do mundo vivo, hoje extremamente ameaçadas.

Durante muito tempo subvalorizadas pela biologia, as árvores – e o reino vegetal como um todo – têm sido, nas últimas décadas, objeto de descobertas científicas que trouxeram novas perspectivas sobre os mais antigos membros da comunidade dos seres vivos*. Capacidades sensoriais, habilidade de comunicação, desenvolvimento de memória, simbiose com outras espécies e influência climática: a revelação destas qualidades reforça a hipótese fascinante de uma “inteligência vegetal” que pode fornecer respostas a muitos dos desafios ambientais atuais. Em sintonia com essa “revolução vegetal”, a exposição Nous les Arbres apresenta as reflexões de artistas e de pesquisadores, ampliando assim a abordagem das questões ecológicas e da relação do ser humano com a natureza, recorrente na programação da Fondation Cartier, como foi o caso recentemente de Le Grand Orchestre des Animaux (2016).

* Enquanto as árvores estão entre os organismos vivos mais antigos do planeta – a primeira floresta fóssil conhecida data de 385 milhões de anos – e o mundo vegetal representa 82,5% da biomassa, o ser humano não chega a ter 300 mil anos, representando apenas 0,01% desta massa orgânica.
Marcado por uma compilação de desenhos, pinturas, fotografias, filmes e instalações de artistas da América Latina, da Europa, dos Estados Unidos e também do Irã, além de comunidades indígenas como os Nivaklé e Guarani do Gran Chaco, no Paraguai, e também dos Yanomami, que vivem no coração da floresta amazônica, o percurso da exposição desenvolve três linhas narrativas: o conhecimento das árvores – da botânica à nova biologia vegetal – ; sua estética – da contemplação naturalista à transposição onírica – ; sua devastação – da evidência documental ao testemunho artístico.
Orquestrado pelo antropólogo Bruce Albert, que acompanha a curiosidade da Fondation Cartier desde a exposição Yanomami, l’esprit de la forêt (2003), o projeto é articulado em torno de personalidades – intelectuais, científicas ou estéticas – que desenvolveram uma relação singular com as árvores. Assim, o botânico Stefano Mancuso, pioneiro da neurobiologia vegetal e defensor da noção de inteligência das plantas, cria em parceria com Thijs Biersteker uma instalação que “dá voz” às arvores. Graças a uma série de sensores, as reações destas ao meio ambiente ou à poluição, o fenômeno da fotossíntese, a comunicação radicular ou a ideia de uma memória vegetal que torna visível o invisível, são revelados. Juntamente com essas grandes figuras que compõem a exposição, o botânico-viajante Francis Hallé, cujos cadernos contém o deslumbramento do desenhista diante das árvores e a precisão do conhecimento íntimo do universo vegetal, testemunha o encontro entre a ciência e o sensível.

Devolvendo à árvore o lugar que o antropocentrismo lhe tomou, Nous les Arbres reúne os testemunhos, artísticos ou científicos, daqueles que possuem sobre o reino vegetal um olhar de admiração e que nos revelam, como na fórmula do filósofo Emanuele Coccia, que “não há nada puramente humano, o reino vegetal está em tudo o que é humano, a árvore está na origem de toda e qualquer experiência”.

2019 | “Nous les Arbres “, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, France.
Curadoria:Bruce Albert, Hervé Chandès, Isabelle Gaudefroy
Curadoras associadas: Hélène Kelmachter, Marie Perennes
Coordenadora de projeto: Juliette Lecorne